Um Vale de Ruinas
A Câmara Municipal de Loures anda a enviar aos proprietários de edifícios antigos intimações para que estes procedam á recuperação e limpeza dos seus imóveis.
Caso não o façam, ficarão sujeitos a elevadas coimas ou a que esses mesmos imóveis passem para a posse do estado, isto é, sejam confiscados!
Isto, para além de um roubo é uma imoralidade!
Em Santa Iria da Azoia, a Câmara é proprietária de um palacete que dá pelo nome de Vale das Flores, adquirido pela edilidade em 2006, e que está no grupo dos 14 palácios mais degradados do Mundo, encontrando-se em ruínas, sem que a Câmara, nos últimos dez anos, tão zelosa quanto aos edifícios de proprietários privados, tenha feito qualquer obra de recuperação ou limpeza do património.
Situado na Quinta Vale das Flores, na freguesia de Santa Iria de Azóia, o palacete foi classificado, em 1982, como património público. Para além do avançado estado de abandono e degradação – segundo os técnicos, sem retorno -, a propriedade em que está implantado foi completamente retalhada para dar lugar à caótica IC12 e a alienações voluntárias para edificação.
É por isso um autêntico crime patrimonial sem precedentes o praticado pelos sucessivos executivos camarários e, sobretudo por aquele agora protagonizado por Bernardino Soares – que, durante a campanha eleitoral, se apresentou como o campeão da defesa da cultura e do património cultural - e a sua coligação PCP/PSD, sobre uma quinta e um palacete que constituem um importante exemplar da arquitectura portuguesa do Séc. XVII.
O palacete foi edificado segundo o estilo de uma vila italiana do renascimento, distinguindo-se, por isso, das tendências medievais e da casa tradicional portuguesa, dominantes naquela época e os materiais de construção nele utilizado foram a alvenaria rebocada, a cantaria, o calcário, a argamassa, a madeira e os azulejos.
Em 2015, João Soares e Bernardino Soares do Governo PS/PCP/BE, visitaram o Palácio e prometeram a sua recuperação perante a imprensa, numa acção de propaganda para aldrabar os cidadãos do concelho de Loures e do País.
Hoje, em 2016, a Câmara vem dizer aos lourenses que não existem verbas para a recuperação e o Palacete continua a ruir até que não reste pedra sobre pedra. E, o mais grave, é que depois ninguém será responsabilizado pela destruição de mais um monumento nacional.
Esta é a política cultural de destruição e degradação sistemática do património levada a cabo pelo executivo da Câmara Municipal de Loures, gerido por Bernardino Soares e a sua coligação PCP/PSD, à qual os lourenses têm de se opor com firmeza se prezarem de facto a memória cultural e o património cultural do seu concelho.